Ás vezes ela vem como a chuva: de mansinho. Eu sinto o ar mudar, mesmo que continue tudo igual. Percebo as nuvens se formando e tudo que posso fazer é esperá-la desabar. Isso pode demorar dias.
Ás vezes vem um vento do sul que levam as nuvens embora e torna tudo ensolarado outra vez. Mas há vezes que o vento vira e a trás com ainda mais força.
Há vezes que é garoa: mansa, quieta; vem, molha e passa. Mas há vezes que é tempestade: enxarca, alaga, invade, carrega, sufoca, arde; e no meio da enchente me vejo sozinha tentando emergir em meio aos rodopios e cambalhotas, me agarrando nas pedras para tentar me levantar, as vezes apenas procurando permanecer sã.
E tão logo veio, vai. Carregada pelos ventos do sul. E a unica coisa que posso fazer é recolher os pedaços que foram levados pela enchente, na incerteza de quando a verei novamente.
Hoje sou chuva
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